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sábado, 29 de agosto de 2015

A ÚLTIMA CARTA



A ÚLTIMA CARTA

     Esvanecia a tez pálida, apenas sulcos marcados pelo tempo transformados em leito de lágrimas. Por trás da vidraça envelhecida pelos anos, olhos castanhos sem viço percorriam o jardim já tomado pelas ervas daninhas. Ainda havia as rosas, mas já não sentia como antes a magia de vê-las florescer dos delicados botões. Uma sensação de estar sentada na estação e ter visto o último trem partir tornava sua respiração antes fraca, ofegante. Em passos arrastados chegou até seu lugar mágico e sentando tomou a pena sobre o papel amarelo envelhecido escreveu a última carta. Uma forma de gritar ao vento toda bagagem que não queria levar. Tomar esta decisão lhe custara todos os anseios de seu coração, mas era necessário despedir-se. Pode ser que não encontre destino certo, pode ser que as palavras envelheçam com o papel um pouco mais, não importa. Levo comigo a sensação de que, quem partiu no último trem fui eu...

                                    Regina Vicentini

                                                   29/08/2015




















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