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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A CARTA QUE VOCÊ NÃO LEU



A CARTA QUE VOCÊ NÃO LEU

     O papel já amarelado, mas ainda se podia ler traços finos e boa linguagem em tinta-tinteiro dos velhos anos dourados. Esquecida, sem envelope rosado e perfumado mantinha intacta suas dobraduras, com indicação de nunca ter sido lida, que pena. Não havia sido enviada, nem destinatário e nem mesmo um nome constava. Quando firmei meus olhos nas primeiras linhas percebi ter em mãos uma carta de amor. Dirigida com uma doçura encantadora, já de início, conquistou meu coração. E a medida em que meus olhos liam, mais e mais minha atenção vorazmente devorava aquelas linhas emolduradas por exímia caligrafia. Certamente quem a redigira era dotado com perfeito treino em letras rebuscadas. Até o final fui tomada por um interesse fora do comum. A declaração de amor contida havia conquistado além da curiosidade, minha íntima emoção. Sem levar em conta de que estava em meu antigo quarto e que tinha encontrado a carta no escaninho de minha mesa li as últimas palavras: "Meu amor, essa foi a carta que você não leu", talvez não haja tempo de te escrever outra, mas certamente estarei de braços abertos para recebê-la quando ao meu encontro fores".

                                       Regina Vicentini

                                                              21/01/2016