O INVERNO DA VIDA
Não temos como pular esta fase de nossas vidas, a não ser que fiquemos pelo caminho. E cada dia que se vive, bom ou mau, ouvimos ao longe o ressoar do sino do último trem. Muitos não desejam ter em mãos a passagem, mas outros até se apressam em comprá-la, querendo antecipar a partida. Tombamos como folhas secas na terra úmida que não esperam pelos ventos durante o outono, fracos nos soltamos facilmente e vamos de encontro ao leito da terra fértil. Não tem como retornar à origem de antes, não tem volta. Resta a reminiscência do tempo de seiva, em que num todo, oferecíamos o frescor da sombra jovem e inocente. Robustos, resistimos à vendavais sem arrefecer-nos e hoje cedemos o convite da natureza que nos quer consumir. Nos entregamos sem lamentos e descemos ao leito para o abraço esperado. Intimamente envolvidos fazemos da terra o óvulo de germinação até que renasçamos da próxima seiva e sombreamos no verão dos céus.
Regina Vicentini
22/022016
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