QUEM PENSO QUE SOU?
Insignificante
quantidade de pó em berço assentado no leito de terra. Onde basta pouco dos
tempos para ser consumida e devorada pela voracidade dos germes famintos. Nem
rastro da mocidade, nem a sábia senilidade conseguiu derrotar a fragilidade da
carne envelhecida. E no espaço que agora ocupo, me dou conta da liberdade que
havia antes. Ouço vozes que vão se perdendo ao longe e o silêncio tomando espaço
junto comigo. Não há nada além da matéria, só um surdo eco da própria massa. E por
um instante, consigo uma carga positiva de atividade cerebral que, vencendo o
tempo, me coloca ante minha fragilizada alma. E de pronto, a sensação de
refazer minha energia como se nascesse novamente e mãos suaves tocando-me a
fronte numa doce ternura. De repente tudo se torna claro e sou surpreendida por
envolvente paz! A Luz começa ascender diante dos meus olhos, que semicerrados,
anseiam por definição da imagem, que mesmo obscura me parece familiar. Ouço o
barulho das ondas do mar e leve chuvisco umedece minha pele e meus pés afundam
na areia fria. Desperto como calor que envolve meu corpo e reconheço o
esplêndido sol! Continuo caminhando e tenho a sensação que alguém segue comigo.
Volto meu olhar à minha volta tentando encontrar quem está ao meu lado e no
assombro que sustenta minha tênue alma, encontro o sorriso mais esperado:
De Jesus!
Regina Vicentini
23/11/2014